Importância da hidratação adequada para provas de resistência.

Saiba mais sobre o processo energético enzimático na produção de energia ATP e como isso pode auxiliar na performance de provas de resistência.

No texto a seguir, vou abordar uma das fosforilações (processo energético enzimático que produz energia ATP) que mais tenho com atletas de Endurance e destaco as mudanças históricas nas recomendações para estratégias de hidratação entre atletas que participam de eventos de ultrarresistência (Endurance).

A controvérsia gira em torno de encontrar o equilíbrio ideal entre evitar a desidratação e prevenir a hiponatremia (baixos níveis de sódio no sangue) durante esses eventos.

Pré-década de 1980: os atletas eram encorajados a evitar o consumo de líquidos durante a competição, o que muitas vezes levava à desidratação e hipernatremia (altos níveis de sódio no sangue).

1980-2000: as recomendações mudaram para enfatizar as consequências negativas da desidratação, levando os atletas a beber mais líquidos durante os eventos para prevenir a desidratação. No entanto, isso levou a um aumento dos casos de hiponatremia, principalmente nos Estados Unidos.

Mudança recente: estudos mais recentes chamaram a atenção para os problemas associados à hiperidratação. Casos de hiponatremia aguda (níveis de sódio perigosamente baixos) foram relatados devido à ingestão excessiva de líquidos, com cefaleias intraprova até crises convulsivas.

A menção à morte de um triatleta durante o Campeonato Europeu de Ironman de Frankfurt 2015 ressalta as graves consequências que podem resultar de estratégias de hidratação desequilibradas.

É importante reconhecer que as necessidades de fluidos não são de tamanho único e são influenciadas por vários fatores:

  1. Variabilidade individual: os atletas têm diferentes taxas de produção de suor e urina, o que afeta a perda de fluidos;
  2. Tipo de esporte e condições climáticas: o tipo de esporte e as condições ambientais (temperatura, umidade) afetam a taxa de perda de fluidos pelo suor;
  3. Volemia: volemia refere-se ao volume de sangue. O volume de sangue de um atleta pode influenciar suas necessidades de fluidos, pois um volume de sangue maior pode exigir mais fluidos para uma circulação adequada.

Dada essa complexidade, recomendar “beba o máximo possível” ou intervalos fixos de ingestão de líquidos pode não ser apropriado. Em vez disso, estratégias de hidratação personalizadas, que consideram as características individuais de um atleta, o esporte específico e as condições ambientais são cruciais.

Equilibrar a hidratação durante o Ironman é uma tarefa delicada. Os atletas devem procurar manter a hidratação sem exagerar, pois tanto a desidratação quanto a superhidratação podem ter sérias implicações para a saúde.

Recomenda-se que os atletas trabalhem em estreita colaboração com médicos do esporte, nutricionistas, fisiologistas e treinadores para desenvolver planos de hidratação personalizados que levem em consideração suas necessidades individuais e as condições do evento. Monitorar o peso corporal, a cor da urina e outros sinais de desidratação ou hiperidratação também podem ser indicadores úteis.

Boa prova!