O perfil lipídico, também conhecido como lipidograma, é um grupo de exames solicitados pelo médico para avaliar o risco de doença cardíaca coronariana. O exame dosa os lipídios (moléculas de gordura) presentes no sangue em sua totalidade e frações.

Fazem parte do lipidograma convencional as dosagens de colesterol total, colesterol HDL, LDL e VLDL, além dos triglicérides. Embora atualmente ainda não façam parte do lipidograma convencional para estratificação de risco de doenças cardiovasculares na população em geral, outras apolipoproteínas (lipoproteína [a] e apolipoproteína B e A-I) podem ser dosadas em situações especiais.

De acordo com o Consenso Brasileiro para a Normatização da Determinação Laboratorial do Perfil Lipídico, o perfil lipídico encontra-se alterado quando os valores dosados no sangue estão fora das faixas de referência da normalidade, conforme tabelas abaixo:

O que pode alterar o perfil lipídico

O perfil lipídico é um bom exemplo do resultado entre genética, epigenética e estilo de vida. Todos nós temos uma predisposição genética de maior ou menor propensão para o desenvolvimento das dislipidemias ou alterações do perfil lipídico.

Mas essa tendência é modulada também pelo nosso estilo de vida, principalmente em relação à alimentação saudável, à prática de atividade física regular, ao controle do peso, ao não tabagismo e, inclusive, pela maneira como gerenciamos o estresse. Uma vez feito o diagnóstico preciso do perfil lipídico, havendo indicação, o médico pode tanto indicar mudanças para a adoção de um estilo de vida mais saudável, como essas citadas, quanto também recomendar o uso de medicamentos.

O papel da atividade física na alteração do perfil lipídico

Diversos são os mecanismos através dos quais a atividade física estimula a produção de enzimas, como a lipase lipoproteica, que ajuda a reduzir o colesterol total e o LDL-colesterol (colesterol “ruim”) e a aumentar o HDL-colesterol (colesterol “bom”), favorecendo a melhora não apenas quantitativa, mas qualitativa do perfil lipídico e reduzindo o acúmulo de gorduras na parede das artérias a longo prazo. Em ex-sedentários, já é possível observar resultados por volta do terceiro mês após o início da atividade física regular.

Entre os exercícios que impactam mais positivamente o perfil lipídico estão os aeróbicos, como a corrida, embora a musculação também exerça efeitos benéficos no estímulo da produção enzimática que resulta em melhores resultados laboratoriais.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), para os adultos, são necessários de 150 a 300 minutos de exercícios moderados ou 75 a 150 minutos de exercício vigoroso por semana para que os efeitos benéficos da atividade física regular sejam consistentes não apenas na melhora do perfil lipídico, mas também na diminuição da pressão arterial e do risco de eventos cardiovasculares, como acidente vascular encefálico e infarto do miocárdio.

No caso de crianças e adolescentes, a média de tempo dedicada às atividades físicas recomendada é de 60 minutos por dia. Aviso aos sedentários: não se deixem desestimular por números ou metas que pareçam não “caber” em sua rotina! Qualquer tipo de atividade física regular é melhor do que nada! Iniciar com o que chamamos de metas “smart”, com pequenas mudanças de hábitos que possam mais facilmente ser sustentadas, pode ser um excelente começo para a virada de chave!

É importante ressaltar que, antes de iniciar ou intensificar um programa regular de atividades físicas, é recomendado realizar uma avaliação clínica completa e individualizada, no sentido de priorizar a segurança e otimizar os resultados a serem obtidos com as intervenções escolhidas de forma conjunta.

Mas lembre-se: o controle do perfil lipídico é feito com a associação entre atividade física e alimentação balanceada, de tal forma que a escolha por ambas as estratégias leva a resultados melhores do que a prática de cada uma delas isoladamente.